quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Uma gota...


Não há amor eros quando apenas um ultrapassa a margem do rio. O banho não é solitário. E não é inteligente jogar água em quem não quer se molhar. A distância é longa, e por mais que um esteja enxaguado e se aproxime, a contragosto do outro, a água será incômodo, não alívio. Sensação desagradável. Os pingos servirão para afastar ainda mais quem não quer. Porque quem quer há de entrar nas águas abundantes de uma cachoeira cristalina. Sem esconderijos. Aí sim. O milagre do encontro acontece, e os dizeres ganharão outro significado. Mas será recíproco. Nem que seja provisório. É o conhecimento da nova vida com suas saliências e reentrâncias, com seus sabores e estranhamentos. Mas vão dois. Não um implorando ao outro.

(Trecho do Livro - Carta entre amigos)

Camila Vieira

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