sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

É hora de crescer...


Crescer dói.
Dói demais.
Demorei tanto pra me atentar à isso! Mas, o fato é que dói.
Dói porque a gente estica.
Dói porque a gente começa a bater a cabeça em algumas arestas da própria vida.
Dói porque, à medida que se cresce, a gente tem que vir pra fora, porque aqui dentro começa a ficar pequeno.
A gente começa a ter que aprender a alçar vôos, arregaçar as mangas e as calças e meter a mão na massa e os pés do chão.
Dói porque a gente começa a perceber que a dor que doía no Oriente Médio, no Vietnã ou sei lá aonde, bateu na porta do seu vizinho, e portanto está a um passo de bater na sua também.
Dói porque os curtos caminhos de flores que atravessamos, já ficaram pra trás, e voltar é impossível.
Dói mais ainda olhar pra frente e perceber que vai doer pisar naquelas pedrinhas pontiagudas, vai doer se deparar com alguns caminhos escuros, vai doer ter que passar por alguns trechos de joelhos, e vai sair sangue, e vai doer mais ainda ver o sangue escorrendo de mim e dos outros que estiverem passando comigo.
Dói, sabe?
Depois de certo tempo, passa o dia inteiro, a semana inteira, o mês inteiro doendo.
A gente até se acostuma com a tal. Até que venha outra maior e devore a menor. E quando aparece uma maior que a menor, a gente compara e até faz pouco, sorri com desdém... mas é dor; melhor deixá-la quieta, pequenina do jeito que é, pequenina como julgo eu. Ora aparece uma dor lancinante, ora uma dor mais amena, ora uma dor inconsciente, ora uma dor sem limites... Dores que nos roubam a felicidade por algum tempo ou dores que não conseguem furtar-nos os bons momentos. Ainda assim, não importa. Doem.
Crescer dói.
Dói porque à medida que a gente cresce nossas fragilidades começam a vazar, nossos limites começam a aparecer, nossa carne perde a capacidade de cicatrizar como outrora.
Dói porque agora, quase nada começa a passar despercebido.
Dói porque a partir de agora, a velocidade das coisas passa a ser exorbitante; e tudo passa pela gente, mas nem tudo a gente consegue agarrar.
Dói porque, você agora precisa decidir o que fazer, comer, beber, dizer; o que antes faziam por você.
Dói porque, você precisa escolher, ahh... e como doí escolher. As escolhas determinarão a sua vida, sua história, seu caminhar.
Dói porque, você acaba de descobrir que tudo esta errado e que agora é você que precisa organizar a bagunça.
Dói porque, dentre essas coisas que passam, tem coisa que acaba golpeando a gente... E aí, dói de novo...!
Crescer requer cuidado, preparo.
Requer aceitação, maturidade.
Crescer é doloroso.
Mas sei que é um processo necessário... é preciso ser provado no fogo. Ninguém prometeu que seria fácil.
Hoje, se eu bem soubesse (e pudesse), eu juro: acho que teria ficado quietinha na barriga da minha mãe...


Camila Vieira

Um comentário:

Lu´S disse...

era bem mais facil qndo eu morava na barria da mamae... ai ta td tao confusoo... e tao claro.. bjoss
saudades de vc amiga sumida!